Da Redação



O DESÂNIMO NOSSO DE CADA DIA

17-10-2015

Não é preciso que ninguém recorde a ninguém que estamos numa crise material e moral talvez sem precedentes. Dói o bolso e dói a alma. Não se vê muita esperança nas ruas. Quase tudo que se observa na mídia mostra maldade, criminalidade, corrupção, sensualidade, dificuldade e sofrimento. E, consequentemente, as pessoas suportam essa situação generalizadamente caótica, à base de remédios para depressão, aumentando sua descrença, alegrando-se na ironia e rindo da miséria humana.

Por causa disso o "desânimo nosso" aumenta a "cada dia", uma vez que a maioria de nós não carrega confiança suficiente para acreditar que hoje é somente a oportunidade de dar um passo a mais na estrada que leva à felicidade, e por alimentarem essa fraqueza esmorecem na luta pelo bem.

Procuro falar a todos os que têm fé no sentido da vida, qualquer que seja a sua forma de crer. Falo, contudo, mais intensamente aos espíritas, que detém o conhecimento doutrinário dos motivos da existência humana tanto como espíritos imortais, quanto como encarnados na Terra.

Não somos vítimas de uma origem ignorada por completo, nem um destino inextricável! Sabemos que a humanidade tem semeado espinhos através de toda a história desse planeta! E mesmo que alguém descreia das leis de reencarnação e de causa e efeito que dizem que fomos os responsáveis diretos pelas colheitas que fazemos no presente, somos herdeiros de nossos pais, avós, bisavós e assim por diante, até o início dos tempos!

Não adianta fingir que nada temos a ver com o que está havendo. Na mais simplista das hipóteses temos mais nos dedicado a lamuriar, criticar e reclamar do que estender a mão ao trabalho renovador da alma!

O desânimo coletivo atual é explicável e, sim, tem machucado a todos direta ou indiretamente. Não se vê saída imediata. Não se vislumbra um porto seguro. Não se enxerga a força do Amor que tantos pregam. Tem-se como um sonho o futuro que atenderá a tantas promessas!

Ninguém tem respostas absolutas de como fazer, como será o amanhã, ou quando veremos o retorno dos esforços transformadores da humanidade. Porém, venho convidá-los a não esmorecer! Toda transformação machuca, toda reforma tumultua, toda construção exige trabalho. Se estivesse tudo bem sem que o homem efetivamente pudesse dizer-se moralizado, significaria que nada mudou e que estamos estacionados no Universo. Deus nos livre disso!

O desânimo não leva ninguém a lugar algum. Aquele se afoga afunda mais rápido se duvidar que pode chegar à praia ‒ que tal dar uma braçada a mais?! Talvez eu seja uma pessoa de grande fé, mas em verdade creio que sou mais uma lutadora. Não somos todos? Há algum sentido acordar diariamente para viver as mesmas experiências e ao fim do dia esperar para "apagar" na bebida, na droga, no sexo ou no sono, de modo a conseguir não pensar em nada até que o dia seguinte chegue e tudo recomece?

Fé, amigos, exige mais do que acreditar em Deus, exige convicção de que Ele sabe o que e como as coisas estão acontecendo. Que Ele, sendo justo e bom, decidiu que somos capazes de superar e nos empurra com sua mão invisível para nos fortalecer, mas jamais fazer o que nos cabe.

O mundo espiritual, de um modo ou de outro, há anos tem nos alertado para a manutenção da esperança e do otimismo, para a vigilância e a oração, para o enfrentamento das dificuldades. Somos inspirados a agir como aquele que se prepara para a prova final que, vencida, levará a outro patamar.

Não sou ninguém importante para ser ouvida, mas sou uma otimista e, como tal, tenho certeza de não estar sozinha. Vamos erguer a cabeça, evitando estimular (em si e em outrem) o desânimo e o desalento, lembrando que para vencer uma guerra não se permite sentimento negativo, antes e ao contrário, exige-se muita convicção de que é possível vencer!

Abaixo o desânimo e viva o amanhã!


Vania Mugnato de Vasconcelos



Voltar para a página anterior / Voltar para a página principal