Da Redação

Jurandir Gaidukas



"Trabalhador voluntário"

20-02-2015

Entre as magistrais parábolas do Mestre destacamos uma, referida por Mateus no capítulo 21, versículos 28 a 30, atualizando-a no seu conceito e oportunidade.

Refere-se a um pai que tinha dois filhos. Ele disse ao primeiro: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha.

Ele concordou, mas não foi.

Então, o pai disse o mesmo ao segundo, e ele, negando-se, após meditar, foi.

Trabalhar na vinha! Eis o grande desafio para o cristão decidido.

Não basta aceitar o convite para o trabalho, sendo essencial, no entanto, entregar-se-lhe, meditando antes na responsabilidade e nas vantagens decorrentes da sua doação.

Nenhuma seara produz se o solo não for arroteado, semeado; quando surgir a plântula, cuidá-la e defendê-la das intempéries e pragas, a fim de coroar-se de flores, de frutas e de novas sementes.

Esse labor é constituído por esforço contínuo e confiante, sem queixa nem reclamação, de modo que, ao largo do tempo, torne-se coroado pelas bênçãos aneladas.

Na atualidade, quando as necessidades humanas apresentam-se multiplicadas e há tanta escassez de amor quanto de bondade, é imprescindível que aquele que conhece Jesus entregue-se ao trabalho na vinha de maneira voluntária.

Todos dispõem de minutos que se perdem na inutilidade e que podem ser transformados em entrega voluntária no Bem.

Uma palavra amiga, o cumprimento dos deveres com retidão, porém, assinalado com algo mais de bondade, a dádiva de um sorriso gentil, o socorro sob qualquer aspecto que se apresente, são oportunidades de exercer-se o trabalho voluntário.

Existem, também, as horas disponíveis, não poucas vezes gastas na futilidade, na insensatez, na queixa, no azedume, na amargura, na depressão que podem ser transformadas em trabalho voluntário em Instituições que se entregam ao amor e ao socorro ao próximo.

Não há moedas que possam conseguir um gesto de puro amor, nem salários que produzam doação profunda.

A ação voluntária, no entanto, enriquece aquele que a pratica e engrandece quem a recebe.

O trabalhador voluntário é como uma luz acesa na noite, talvez batida pelo vento e resistindo-lhe, de forma que a claridade possa apontar rumos a quem se encontre perdido nas sombras.

Nenhum pagamento em moedas pode compensá-lo completamente, porque a sua é uma dádiva de amor.

Se, no entanto, alguém serve na condição de funcionário, pode ser voluntário também na maneira como trabalha, doando algo mais que o contrato não exige nem estipula. Esse algo mais é a sua contribuição à vinha.

Filho – disse o pai – vai trabalhar hoje na minha vinha.

Hoje, porque amanhã talvez haja passado a oportunidade, sejam diferentes as condições, a vida possivelmente tenha mudado os rumos existenciais.

Se já podes sentir o hálito do amor do Cristo nos teus sentimentos, transforma-o em serviços ao teu próximo de maneira voluntária.

Não esperes recompensa de qualquer natureza, porque és tu aquele que pretende ajudar, e não receber socorro.

É natural que o bem, quando é executado, permeia de felicidade aquele que o pratica. No entanto, o objetivo não é negociar com a ação fraternal, esperando benefícios e resultados maiores do que os esforços empregados.

A tua é uma doação valiosa, quando direcionada à vinha do Pai.

Servir é honra que te enriquece de vida e de responsabilidade, amadurecendo os teus sentimentos e enobrecendo-te interiormente.

Existem aqueles que desejam trabalhar voluntariamente, porém, impondo condições, paixões, comportamentos. Não são doadores, mas aproveitadores de ocasiões para auto beneficiar-se.

Desejam servir realmente, mas desestruturados psicologicamente e portadores de comportamentos irregulares, logo chegam ao campo de ação e pretendem receber homenagens, serem destacados, encontrarem espaço para a vanglória pessoal, servindo-se da situação para o próprio e não para o bem-estar dos outros.

São sensíveis em demasia e facilmente reclamam de tudo, ameaçam abandono da tarefa que elegeram espontaneamente, acreditando-se indispensáveis, esquecendo-se de que chegaram, depois da obra estruturada, não havendo sido os criadores nem os sustentadores da mesma.

Possuidores de melindres em excesso, desagradam-se com qualquer ocorrência, totalmente olvidados do compromisso de contribuir em favor da ordem e do progresso no campo da ação no qual se localizam.

Impõem, sem palavras, a retribuição ao seu trabalho, tornando-se membros enredados em comentários infelizes, em maledicências... Ao invés de apagar o incêndio do mal que encontram, colocam mais combustível na fogueira, e dizem que o lugar não é conforme pensavam, nem que as pessoas que ali mourejam são o que demonstravam...

É natural que assim seja, pois que todos aqueles que lá estão se encontram na mesma situação de necessitados espirituais em processo de recuperação, conforme ocorre com o voluntário que chega.

Ser voluntário representa possuir um tesouro de amor para repartir e não o ser carente que espera receber proteção e ajuda, que aparentemente viera distribuir.

Consciente, portanto, do quanto podes fazer, torna-te o trabalhador voluntário que irriga as vidas com alegria e aplaina o caminho por onde outros passarão, sem a preocupação de que eles saibam quem foi o preparador da vereda por onde agora seguem sem dificuldade...

O trabalhador voluntário, consciente do significado daquilo que pode oferecer, é como uma gema preciosa que reluz ante a mais débil claridade, desvelando sua beleza interior.

Quando chega produz empatia, quando parte deixa vazios emocionais.

Torna-se a alma do trabalho, porque este é seu alento de vida.

O maior exemplo de trabalhador voluntário temos em Jesus que somente se dedicou a todos, sem qualquer pedido de retribuição.

Prometendo o Reino dos Céus, modificou as paisagens da Terra.

Trabalhando sem cessar, confirmou que também o Pai trabalha até hoje.

Terapia abençoada, o trabalho é mensageiro de recursos emocionais, psíquicos e orgânicos que restauram o bem-estar no ser humano e impulsionam-no ao crescimento interior, ao desenvolvimento de valores que lhe dormem inatos, preparando-o para a libertação dos impositivos materiais quando chamado de retorno à Vida.

– Filho, vai trabalhar na vinha – propôs o genitor – ele negou-se, porém, meditando, depois foi.

Medita e considera a oportunidade que o Pai te concede desde há muito, se ainda não te decidiste por ir trabalhar na Sua vinha.

Do livro Libertação pelo Amor, de Joanna de Ângelis, por Divaldo Pereira Franco.




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