Entre um ano que se vai E outro que se inicia, Há sempre nova esperança, Promessas de Novo Dia... Considera, meu amigo, Nesse pequeno intervalo, Todo o tempo que perdeste Sem saber aproveitá-lo. Se o ano que se passou Foi de amargura sombria, Nosso Pai Nunca está pobre Do pão de luz da alegria. Pensa que o céu não esquece A mais ínfima criatura, E espera resignado O teu quinhão de ventura. Considera, sobretudo Que precisas, doravante, Encher de luz todo o tempo Da bênção de cada instante. Sê na oficina do mundo O mais perfeito aprendiz, Pois somente no trabalho Teu ano será feliz. Não esperes recompensas Dos bens da vida terrestre, Mas, volve toda a esperança À paz do Divino Mestre. Nas lutas, nunca te esqueças Deste conceito profundo: O reino da luz de Cristo Não reside neste mundo. Não olhes faltas alheias, Não julgues o teu irmão, Vive apenas no trabalho De tua renovação. Quem se esforça de verdade Sabe a prática do bem, Conhece os próprios deveres Sem censurar a ninguém. Ano Novo!... Pede ao Céu Que te proteja o trabalho, Que te conceda na fé O mais sublime agasalho. Ano Bom!... Deus te abençoe No esforço que te conduz Das sombras tristes da Terra Para as bênçãos de Jesus.
Colaboração de Cézar Carneiro de Souza
Do livro Cartas do Evangelho, de Casimiro Cunha, por Francisco Cândido Xavier - Ed. Lake-SP.
Poeta fluminense, nascido em Vassouras - cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro - a 14 de abril de 1880.
Procedente de lar muito pobre, filho de Casimiro Augusto da Cunha e Maria dos Santos Cunha, teve uma única irmã, Leonor. Órfão de pai aos 7 anos, freqüentou apenas o curso primário. Espírita convicto, torna-se cego de um olho aos 14 anos após acidente, vindo a perder completamente a outra visão aos 16 anos. Ainda jovem iniciou sua colaboração na imprensa vassourense. Foi um dos fundadores do Centro Espírita “Bezerra de Menezes” em Vassouras.
Aos 29 anos, em 04 de dezembro de 1909, casou-se com Carlota Mattoso Cunha, companheira dedicada e carinhosa, que muito o auxiliou nos afazeres literários, passando para o papel as poesias ditadas pelo poeta. Tiveram dois filhos: Dalpes e Delba, nomes dados em referencia à ilha de Elba e aos montes Alpes. O filho desencarnou ainda criança; a filha casou-se, residindo na capital fluminense, tendo desencarnado em junho de 1993.
Casimiro Cunha desencarnou aos 34 anos em 7 de novembro de 1914 deixando vasta e preciosa obra literária. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Vassouras, imortalizado com o seguinte epitáfio:
“O poeta vassourense Casimiro Cunha e seu filho Dalpes”.